20.2.11








Apaixone-se por mim.
Não um amor de mesa posta, talheres de prata, toalha de renda,
não um amor de terça-feira, água morna, gaveta arrumada.
Apaixone-se por mim no meio de uma tarde de chuva, rua alagada,
rosas na mão, um amor faminto, urgente, latejante, um amor de carne,
sangue e vazantes, um amor inadiável de perder o rumo o prumo e o norte,
me ame um amor de morte. Não me dê um amor adestrado que senta,
deita, rola e finge de morto, que late, lambe e dorme.
Apaixone-se felino, sorrateiramente e assim que eu me distrair,
me crave os dentes, as unhas, role comigo e perca-se em mim
e seja tão grande a ponto de me deixar perder.
Ame minhas curvas, minha vulva, minha carne, me fecunde e
se espalhe por meus versos, meus reversos, meus entalhes.
Faça eu me sentir amada, desejada, glorificada em corpo e espírito
que eu nunca soube o que é ser de alguém, mas preciso que me ensines,
que me fales, que me cales, amém

Tíccia








Nenhum comentário:

Postar um comentário